quarta-feira, 7 de setembro de 2011

4º Encontro: Promiscuidade - Julho/ 2011




Aconteceu no dia 31 de julho, ás duas e meia da tarde, na Redação da Revista Viração, o quarto encontro oficial do grupo E-Sampa, sendo o primeiro dirigido pela recém criada STAFF de coordenação. O tema central foi Promiscuidade, a qual esteve atrelada a um debate informal sobre o Armário, codinome usado para que os não assumidos ou enrustidos como são conhecidos, justifiquem e expressem seus sentimentos e o medo de se revelar para a sociedade. Em tal debate a maiorias dos enrustidos não se revelam à sociedade por medo de serem taxados como promíscuos, já que o LGBT em geral, mas em especial o gay masculino e os Bissexuais tem tal fama, adquirida pelo seu meio de entretenimento conter festas e baladas, que na maioria das vezes estão ligadas ao sexo, sendo alimentadas pela mídia e tornando-se um Estereótipo.
          
Ao iniciarmos, a tradicional apresentação dos presentes foi feita a se iniciar pela equipe de STAFF, após o tema foi apresentado seguindo um cronograma elaborado: Dois debates e a conclusão final. Vivemos em uma sociedade composta por três grandes pilares: A família, A igreja e a propriedade, sendo que a Igreja é o maior e mais forte deles. Continuamente, na mídia o poder de tal pilar era bem exposto, mas o descobrimos maior quando presidenciáveis voltaram atrás tentando consertar alguns discursos como intuito de os agradarem e com o Reconhecimento da União Estável de Pessoas do Mesmo Sexo pelo STF, que a mesma mostrou-se contra e sua bancada política tentou vetar, assim como fieis em meio a protestos virtuais. Usando deste poder, a igreja alimenta a ligação de homossexuais a promiscuidade e as drogas, o que mancha nossa imagem perante toda a sociedade e dificultando a aquisição de direitos. Este foi o pano para nosso primeiro debate, que gerou controvérsias de opiniões, já que para alguns a bíblia era colocada como sagrada e um modo de viver, para outros ela até poderia ser sagrada, mas foi escrita por homens os quais poderiam ou não ter alterado alguns de seus dizeres. Um ministro da palavra de uma comunidade católica quando entrevistado por mim e por Renata Sabbag, mostrou-se a favor da homossexualidade, mas contra o comportamento dos mesmos, já que não generalizou, muito pelo contrário separou os promíscuos dos que coloca como de família e homens de verdade, os quais em seu ver têm um comportamento exemplar e não mancham o Universo LGBT... Mas, devemos culpar somente a igreja? Não, não devemos.
         
Como pano para nosso segundo debate tivemos a Noite LGBT, que nos colocou com uma parcela de culpa pela aquisição de tais pensamentos e estereótipos. Alguns lugares para se freqüentar, os quais fazem parte do entretenimento noturno de nosso público, cospem e incentivam a promiscuidade ou ao sexo sem limites. Baladas com Dark Room e apresentações de sexo ao vivo, Cinemas Pornôs, etc., podem ser colocados como exemplos destes lugares, o que acaba mostrando que o sexo neste meio é mais fácil do que em qualquer outro e podendo colocar as drogas e o consumo de bebidas alcoólicas como liberais em um lugar onde o sexo é o foco. Existem também as Caricatas, Drag Queen’s que não se apresentam performaticamente fazendo cover de algum cantor em questão ou simplesmente batendo cabelo, mas sim com piadas, que na maioria das vezes contem conotações sexuais. As mais conhecidas destas caricatas podem ser facilmente encontradas em baladas como as descritas acima e as que estão na mídia acabam alimentando essa ligação: LGBT e Promiscuidade. Neste debate também foi citada a Parada do Orgulho LGBT, foi colocada pelos jovens presentes como um carnaval fora de época e um dos principais focos para a ligação LGBT e Promiscuidade. Um convidado, em meio a este debate nos concedeu uma entrevista. O mesmo é conhecido como Lango e trabalha como garçom em um bar no Frei Caneca, onde o público freqüentador é o LGBT há dois anos. Em tal entrevista o mesmo relatou que a maioria das brigas que acontecem na noite variam entre gays masculinos que dão em cima de homens heterossexuais e agressores que chegam a tal local com o intuito de brigar, em grande parte das vezes movido pelo preconceito. Também segundo ele, bebidas e drogas são facilmente encontradas e muito consumidas, algo que não duvido já que presenciei algumas vezes o consumo dos mesmos em baladas e bares em lugares diferentes do que o mesmo trabalha. Como conclusão de tal debate os mesmos concordaram com o que lhe foi mostrado e com os relatos de Lango e colocaram como questão principal a divulgação somente de lugares como este e não de um lugar mais “light”.
          
Ninguém é santo e o objetivo do encontro não foi julgar ninguém, mas sim buscar meios e os fazer refletir a respeito de algumas mudanças desta realidade, algo bem complexo, uma vez que para um bem maior, a imagem do coletivo do Movimento LGBT deve ser positiva e não da forma que está.

X.O.X.O,

WandercooL’
Presidente do Grupo E-Sampa

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